Tuesday, May 24, 2011

Etios - o hatch da Toyota não será bonito






E este é o tão esperado compacto da Toyota a ser feito na fábrica de Sorocaba daqui há pouco menos de 2 anos. Verdade seja dita: design não será o ponto forte dele...

A versão sedan, que já apareceu em fotos em diversas fontes, mais parece o Logan. Meio quadradão, mesmo o hatch tem uma traseira morna, enquanto a frente é apenas correta. Por dentro, simplicidade da Toyota, , incluindo, menos por uma questão de design e mais por uma questão de custos, mostradores centrais, ao estilo indiano.
Vai vender ? Bom... é um Toyota, com tudo o que isso representa em qualidade e confiabilidade, mas a depender do preço, se não for competitivo, prevejo vida mais difícil para o Etios: há muitos hatches no mercado, todos conhecido e igualmente "confiáveis", mas com design bem mais apimentado, ao gosto brasileiro. Pelo jeito, os japoneses ainda estão aprendendo a fazer hatches em mercados emergentes... ainda mais no exigente, quando se fala em design, mercado brasileiro.

Monday, May 02, 2011




O mais esperado carro chinês chegou : QQ, da Chery. O mais barato do país: 22.900 reais, sem opcionais, só bastando ao consumidor escolher a cor.

Minha primeira dúvida, como os brasileiros vão pronunciar o nome ? Afinal, para nós é só "ke-ke" mesmo, embora em chinês, seja "kiu-kiu", algo como fofinho... definitivamente, em matéria de marketing, os chineses ainda precisam de uma certa manha.

Há alguma dúvida de que o carrinho vai vender muito ? 23mil reais num carro que vem com ar, direção, ABS, Air Bag, sensor de ré, cd player, farol de neblina... e ainda por cima com painel digital, um pouco confuso, mas com um ar de sofisticação. E tudo isso com preço de Mille, básico.

Qualidade ? 3 anos de garantia, com revisões de preço fixo, sendo que o total delas, até 40 mil km, fica em menos de 600 reais. A primeira revisão de meu Agile foi cotada em 800 reais, isso aos 15 mil km... ( claro, não foi feita na concessionária, mas sim em mecânica independente).

Muito se diz sobre a durabilidade do QQ. Viajei ao Peru e vi algumas centenas destes carrinhos em ruas esburacadas, servindo de táxi, o que pressupõe alta km diária. E olha que os peruanos não são exatamente lordes ingleses ao volante... eles simplesmente aceleravam aquela coisa com gosto. O mesmo QQ que vai ser vendido no Brasil é vendido em mais de 50 países, incluindo toda a América Latina ( o Brasil foi o último mercado pelo tamanho) e outros da Ásia, incluindo países com ruas lunares como Índia ou Malásia. Sim, o QQ é resistente, senão não teria muito mais exportações que o nosso Gol ou Palio.
E quanto a desvalorização, esqueça. Sabemos hoje que qualquer carro perde valor como uma geladeira usada. O QQ não será pior que um nacional.

Falta de peças? Com certeza, se você morar fora dos centros urbanos maiores. Mas no grosso do mercado, eixo RJ-SP e regiões sul-sudeste, duvido que a Chery deixe faltar peças para seu consumidor. E ainda por cima, se ela for bem esperta, ela vai investir forte no NE, região no qual o QQ a meu ver tem tudo para substituir a moto de 100 cilindradas, que por sua vez aposentou o jegue. Em menos de 10 anos, passamos de 4 patas, para 2 rodas e agora com 4 rodas. E com direito a ar condicionado. Acho que é um avanço.

Mas que fique claro, como no texto muito engraçado que colei abaixo, que a proposta do QQ é única: carro 100% urbano, com nenhuma vocação para velocidade. Quem quiser se aventurar num rodovia com o carrinho vai encontrar fortes emoções.

E por fim: e as nacionais ? Terão que se mexer, com certeza. Não acho impossível a Fiat, antes do Mille se aposentar, lançar uma versão dele com ar e direção pelo menos, os opcionais mais valorizados, ao preço de Mille básico. Pelo jeito, a China só começou a incomodar.

texto:

Na semana passada viajamos ao Rio de Janeiro para a apresentação oficial do Chery QQ, subcompacto da marca chinesa que chega ao Brasil com o status de carro mais barato do mercado, a R$ 22.990. Como no caso de outros modelos vindos do país asiático, seu “preço baixo” não é tão baixo assim — a vantagem ante o tradicional e confiabilíssimo Fiat Mille é de menos de R$ 500, por exemplo. O que torna a oferta boa é o pacotão de equipamentos de série, que inclui ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, ABS e airbags etc. Como bem notou o jornal Folha de S.Paulo, é um nível de conteúdo à la Toyota Corolla por um preço de… Fiat Mille.

Como o evento de lançamento foi no esquema bate-e-volta, publiquei imediatamente a apresentação de mercado do carrinho e convidei o leitor a reler a avaliação exclusiva e antecipada que UOL Carros fez do modelo, em janeiro.

Mas eu não poderia deixar de alertar o internauta e potencial comprador de um Chery QQ a respeito da sensação de insegurança que experimentei a bordo do modelo, ainda no Rio e depois de publicar o texto de mercado. Isso, não obstante o fato de a citada avaliação de Eugênio Augusto Brito narrar perfeitamente o comportamento do subcompacto, como no trecho a seguir:

Como ocorre com os outros Chery, a suspensão do QQ ainda está a quilômetros de distância do ideal para nosso piso. Mole, solta, instável demais, causa desconforto em lombadas, valetas, buracos (e o Brasil está cheio disso), e também sustos em curvas mais fechadas, dividindo a culpa com o centro de gravidade mais alto (o hatch QQ quase lembra uma minivan) e rodas e pneus de aro 13. Na estrada de pista simples e mão dupla, num determinado momento da avaliação, iniciamos uma curva mais fechada feita com maior velocidade do que o recomedável para um carro assim, e fomos escorregando até terminá-la na outra faixa — ou seja, na contramão (por sorte, não havia trânsito no sentido oposto). Mantenha-se, ainda, longe de caminhões e veículos pesados em geral: a turbulência vai jogá-lo para um lado indefinido (algo que ocorre com qualquer carro pequeno, mas cujo perigo é ampliado pelas imperfeições do QQ).
O fato é que eu, pela primeira vez em quatro anos guiando todo tipo de carro, senti medo de verdade durante um test-drive. E isso num itinerário curto, urbano e seguro, entre o Aeroporto Santos Dumont e a praia de Botafogo, passando pelo Aterro do Flamengo.

Como passageiro, no banco de trás (havia quatro pessoas a bordo), quase surtei quando a colega que dirigia o carrinho o levou a pouco mais de 100 km/h. Como passávamos por um túnel, a sensação foi a de estar num chacoalhante trem-fantasma. Detesto que deem palpite quando eu dirijo, e por isso evito fazê-lo quando outros estão ao volante — mas dessa vez recomendei cuidado à motorista. Nem precisava, porque ela mesma já havia percebido o problema e logo tirou o pé.

Depois eu assumi o volante e, ao longo de um trecho de pouco mais de 5 km, fiquei perplexo com a instabilidade mostrada pelo QQ até em situações corriqueiras, como mudanças de faixa e retomadas modestas (de uns 70 km/h para uns 90 km/h) para ultrapassagens. O carrinho oscilou lateralmente o tempo todo, implorando para sair do controle.

Sim, a carroceria é alta e os pneus e rodas (aro 13) são pequenos, mas se eu quiser viver a “emoção” de guiar uma Towner eu vou à loja e compro uma, certo?

Boa parte dos colegas que dirigiram o QQ durante o evento no Rio apontou o mesmo problema, com intensidades semânticas diferentes. Veja em Carsale, Interpress e MotorDream.

Não tenho a menor dúvida de que um Chery QQ trafegando a regulamentares 70 km/h numa via deteriorada, como por exemplo a Avenida do Estado em seu trecho paulistano, tem tudo para se tornar incontrolável caso passe em defeitos graves do pavimento. Outro dia assisti, naquela avenida, a um Chevrolet Astra simplesmente tirar as quatro rodas do chão devido a um desnível acentuado na pista. O “voo” durou uma fração de segundo e o motorista segurou o carro, que é relativamente largo, no braço. O que aconteceria se fosse um QQ?

Eu sempre tive um certo medo de avião, a ponto de suar frio nas turbulências mais fortes e, a cada nova viagem, pensar se valia mesmo a pena corroer meu estômago uma vez mais. Só que, de tanto voar a serviço de UOL Carros, esse medo simplesmente passou.

Depois dessa viagem ao Rio (de avião, diga-se), eu tenho medo é de QQ.