Tuesday, December 16, 2008

Sangria




Que o mercado automotivo tomou um tombo geral, todo mundo sabe, mas, talvez até por perversa curiosidade, venho acompanhando um tombo em particular há um ano: o do Palio.
Basta acompanhar as vendas: desde a última remodelação, que vem completar um ano, as vendas do modelo da Fiat estagnaram. Há uns 6 meses mais ou menos, começaram a andar pra trás. E agora estão em queda livre. Quando a VW remodelou o Gol, esperava-se uma certa queda de vendas do Palio, mas parece que a coisa foi longe demais. Faz dois meses que o velho Mille vem vendendo mais que o Palio, em parte devido ao chamamento da nova versão Mille Economy. Mas agora, vendo algumas tabelas de vendas vi uma novidade: o Celta, certamente um carro longe de ser ultra-desejado, está encostado no Palio, que agora corre o risco de ficar pra quarto lugar. Sorte dele que o Ka da Ford é um carro de vendas limitadas por capacidade de produção, senão...

Uma remodelação pode relançar um carro: basta ver o antigo, o primeiro, Fiesta, quadradinho e feio, e o de segunda geração. Uma remodelação pode também simplesmente manter as vendas, atualizando o carro mas mantendo seu público cativo, caso do novo Gol. Mas uma remodelação mal feita pode implodir um produto no mercado. Cito duas qe considero exemplares: 1- S10, da Chevrolet, que chegou a ser nos anos 90 um dos 10 carros mais vendidos, mas quando veio a versão nova, com uma estranhíssima grade frontal, jogou-a para o fundo das tabelas de vendas, praticamente extinguindo o mercado de picapes compactas que ela mesma tinha criado.
Quer o exemplo 2 ? Pois é ele mesmo: o Palio. Ele vinha numa espiral de vendas que chegou até mesmo a ameaçar o Gol, seguido de longe pelo Mille e mais longe ainda pelo Celta. Bastou a recente remodelação para tudo ir por terra e agora ele tem que ver, constrangido, seu irmão de 25 anos, o velho Mille, tornar-se o carro chefe da Fiat no Brasil... E agora? Não tenho dúvida que a Fiat é uma empresa ágil e deve estar preparando algo para o Palio, ou outra remodelação, ou mudanças mecânicas ( porque não adotar as melhorias do Mille Economy no Palio?) ou até mesmo queda de preço, mas a vida do atual Palio no mercado me parece condenada: pressionado por uma concorrência feroz que vai de Fiesta, Ka, Corsa, Celta, 206, Fox e Gol, o projeto já envelhecido de 1995, com uma remodelação recente desastrosa foi fatal ao modelo. E pior, um novo projeto, mais moderno , só chega em 2010. Ou a Fiat adianta a coisa, ou mexe no Palio de novo ano que vem. Ou há a terceira opção: ver o carro "sangrar" como agora. Sorte da Fiat que o Mille, sempre ele, continua lá, firme como uma rocha nas vendas. Desde 1995....

PSA e Fiat juntos?

Não pode ser coincidência: um dia depois do presidente da Fiat, Sergio Machionni ter dito que a empresa é pequena demais para continuar sozinha e ele mesmo espera que num futuro próximo existam apenas 6 fabricantes mundiais de automóveis, o jornal de Milão diz que há conversas avançadas entre o grupo PSA, que detém as marcas Peugeot e Citroen e a Fiat para uma possível fusão: o assunto estaria até sendo tratado entre os presidentes italiano e francês, já que ambas as empresas são elementos centrais na economia dos dois países e também verdadeiros símbolos nacionais.

A fusão dos dois grupos faria sentido: ambos são grupos de porte médio, num mundo cada vez mais dominados por grupos de grande porte: GM, Ford, VW, Renault-Nissan, Toyota, Hyundai são megas conglomerados industriais que englobam várias marcas, fábricas no mundo todo, presença global. Com a crise mundial fica evidente como é importante uma marca ser global, pois se há perdas de vendas em alguns mercados, outros podem compensar tais perdas. Além do mais, há a evidente necessidade de competitividade em qualidade, o que demanda enormes investimentos em desenvolvimento de novos produtos e ao mesmo tempo margens de lucro menores devido à concorrência. E por último: a questão "verde" que vai dar a direção do carro do futuro, exigindo enorme esforço na criação de novas tecnologias menos poluentes, caras de serem pesquisadas.

Os dois grupos de porte médio tem grande presença em seus países, relativamente discretos fora deles. Juntos, PSA e Fiat podem explorar melhor novos mercados, como China, Índia, Rússia. E o Brasil ?

No Brasil, a Fiat tem sua segunda maior operação, perdendo só para a Itália. O país é ultra-estratégico para ela, e na prática, a Fiat só não foi comprada até agora pela força do Brasil na empresa, pois se fosse só pelo mercado italiano ela já teria sido engolida faz tempo. Ao mesmo tempo, Peugeot e Citroen tem marcado boa presença no mercado daqui, embora com volumes de venda muito inferiores. Caso a fusão ocorra, e tem tudo para ocorrer, o mercado brasileiro seria afetado. A Fiat iria se distanciar de vez da VW, assumindo a liderança inconteste no mercado brasileiro. Por outro lado, as linhas de produtos, hoje concorrentes, deveriam ser compatibilizadas. O grupo PSA soube bem trabalhar suas duas marcas no Brasil, pois embora 206/207 e C3 sejam carros mecanicamente idênticos, têm personalidades diferentes. Os futuros projetos em conjunto iriam ter que combinar essas diferenças. Por enquanto, nada muda, já que ambas as empresas têm seus próprios projetos: a Fiat está prestes a lançar um novo palio em 2010 e os franceses acabam de lançar um novo 207 e um novo C3. Mas é de esperar que, caso a fusão ocorra, carros possam trocar de marca. Daqui há alguns anos poderemos ver um "Uno mille peugeot" ou um "207 fiat".

Monday, December 08, 2008

Mazda 3






Como dizia Vinícius, "as feias que me perdoem, mas beleze é fundamental"....pois é mesmo: basta ver esse belíssimo Mazda 3, lançamentos mundial no Salão de Bolonha, Itália.
A marca japonesa pertence a Ford ( ou pertencia, já que a Ford quer vendê-la para fazer caixa para enfrentar a crise mundial) mas tem identidade própria: com engenharia japonesa de primeiríssimo time e design europeu, a linha Mazda 3 pertence ao segmento médio, o mesmo de Golf e Astra europeus, e foi pensada para três mercados: europeu, japonês e americano. É composta por um sedan, um dos mais bem resolvidos que conheço, um notchback, hatch com pequena traseira saliente, como no antigo Escort e uma perua, ainda a ser lançada. A chance de ser vista por aqui é zero: sequer a marca Mazda existe como importadora oficial no Brasil. Mas pelo menos dá pra curtir o belo visual deste carro, que mostra as linhas de automóveis que estão vindo por aí: linha de cintura alta, como no Punto, frente ao estilo "bocão" como nos Peugeot e no novo Fiesta europeu (veja post acima), painel interativo, bem ao estilo geração internet.
Se seu próximo carro não é parecido com o Mazda 3, cuidado: está fora de tendência.