em tempos de crise, Brasil...

Nada como uma crise mundial para mostrar que o "jeitinho brasileiro" em se adaptar às condições mais difíceis às vezes é a única saída: o 207 brasileiro, uma reestilização do 206, será fabricado na Europa. Explica-se: por lá, o 206 deu lugar ao 207 verdadeiro, um carro maior, mais sofisticado e mais caro. O 207 europeu é como o Punto, enquanto o 206 seria o Palio. Como por aqui, fabricar o 207 verdadeiro iria torná-lo muito caro, optou-se por uma solução caseira: corpo de 206, plástica de 207. Deu tão certo, que o jeitinho vai ser exportado para lá: em tempos de crise, a indústria européia precisa de carros baratos e como o 206 continua em fabricação por lá, convivendo com seu irmão maior 207, optou-se por uma remodelação do 206, que nada mais será que o 207 brasileiro... confuso ? Nem tanto... por´lá, o nosso 207 será chamado de 206 plus, afinal nem poderia ser chamado mesmo de 207, já que lá esse número está reservado para o modelo "verdadeiro".
Preços ? o 207 europeu custa 14 200 euros, enquanto o 206 plus ( ou se preferir, 207 brasileiro...) custará em torno de 11 mil euros... bem menos. Em tempos de crise, criatividade brasileira à francesa: e ponto para o design nacional, já que o projeto 207 Brasil foi todo desenvolvido aqui.

Mais força para subir...

Interessante, e triste, notar que o segmento mais importante do mercado nacional, o de compactos de entrada, baratos, é o mais esquecido pelas fábricas. Desde a chegada do Celta, e isso lá se vai 6 anos, que não havia nenhuma novidade importante. Esse ano que passou viiu um novo nome neste mercado: o novo Ka. Foi um sopro de ar num quarto abafado...
O Ka da Ford fez sucesso, vende bem e seu principal concorrente, o Celta, deu mostras do tranco: perdeu o tradicional quarto lugar em vendas que tinha e agora está atrás do Ka. Diga-se de passagem, o Celta hoje vende menos que seu irmão mais velho, o Classic, antigo corsa sedan.

A GM não podia se dar ao luxo de abandonar um carro tão importante para ela: mexeu no motor, como fez a Fiat no Mille. O Celta agora tem o mesmo motor do Corsa 1.0 de geração "nova" ( já nem tão nova assim...): agora de 70cv o Celta passa a ter respeitáveis 78cv. Se no pesado Corsa esse motor já era honesto, no leva Celta será a meu ver, supreendente: o carrinho promete ser rápido ( isso ele já é) e econômico ( talvez não tanto como o Mille economy, mas pelo menos perto). O motor chamado de VHC-E, tem acelerador eletrônico, maior taxa de compressão e melhor fluxo de ar, tudo para dar mais fôlego para o Celta subir ladeiras: tanto as da vida real quanto as de vendas, já que carrinho vinha perdendo fôlego para o Ka.

E diga-se de passagem: o Palio Fire agora também tem motor economy, incluindo o painel com o "econômetro": como se vê, o segmento de entrada tem carros antigos, Celta, Palio Fire, Gol velho, Ka novo sendo exceção, mas pelo menos motores modernos, o que é coerente com a proposta desses carros: baixo preço na compra, pouco preço no abastecimento.

Suficiente? não. Esse segmento bem que podia ter carros realmente modernos, diferentes, baratos, mas mesmo assim, instigantes. Hoje em dia, tirando o Ka, são modelos sem nenhum atrativo emocional: Gol e Palios, velhos, um jurássico Mille, um simpático mas velho Classic e um já cansado Celta. Quem tem pouco dinheiro bem que podia ser tratado melhor...

dica de blog: design

http://irmaododecio.blogspot.com/


Volto desse mês de férias e dou uma ótima dica: esse blog é de um designer, especializado em carros, que traz ótimas releituras de modelos antigos, outras ousadias com modelos atuais e loucuras de modo geral: muito bom mesmo !