Wednesday, January 25, 2006

Derrotado



`As vezes é cruel o jogo do mercado. Decisões de longo prazo são tomadas, alguns milhões de dólares investidos e o resultado pode ser um fracasso estrondoso. O combate aí do lado é prova disso: entre o VW POLO e o Citroen C3, ganhou o francês, desbancando décadas de imagem da marca VW no Brasil.

A VW fez um grande esforço mundial para superar a imagem de marca de carros baratos. Investiu em modelos caros e sofisticou os que já tinha. Isso tanto na Europa, quanto nos EUA e no Brasil. A estratégia só deu certo nos EUA. No Brasil ( depois eu falo da Europa) a VW manteve, é claro, Gol e derivados, mas investiu muito dinheiro na sua linha mais moderna, lançando dois importantes modelos: a Golf, fabricado no PR, e o Polo, em SP.

Para ela, VW, o Polo inauguraria o segmento dos "compactos premium". Carros pequenos, porém com qualidades, equipamentos, sofisticação e porque não, status, de carro grande. Pois é, pena que não deu certo. Parece que o Polo herdou o nome negativo do antigo Polo Classic, versão do Polo sedan fabricada na Argentina e que andou importada para cá por uns 3 anos. Verdade que o carro tinha vários defeitos, manchando a imagem da marca. O design do Polo, com os faróis copiadíssimos da Mercedez, igualmente não encantou, embora não desagrade. E o preço do carro, bem caro, matou. Apesar de ser um carro muito bem equipado e com opcionais sofisticados, até mesmo com ar condicionado digital, o consumidor preferiu comprar carros maiores, como Astra ou Stilo, ao pequenino Polo. Para piorar, alguns vieram com defeitos graves, ironicamente muitos no ar digital, que mancharam, pela segunda vez, o carro.

O golpe final veio com o C3, seu único concorrente nessa categoria de carros pequenos e sofisticados, com status de "gente grande". Com design esse sim interessante, bons equipamentos e pior, preço igual ao do Polo, o C3 foi percebido como um carro pequeno e caro mas com diferencial, equanto o Polo ficou com a imagem de carro pequeno caro demais. Todo o investimento da VW foi embora, pois as vendas do Polo são muito baixas. Ele só se salva pela versão sedan, que o C3 não tem.

E para finalizar: "compacto premium" é o nome que a própria VW criou para essa categoria de carros pequenos mas bem equipados de série. Vc pode até comprar um Corsa ou um Palio com os mesmo equipamentos de um Polo ou C3, mas continuam sendo um Corsa ou um Palio, só que equipados. Como Polo e C3 já vêm equipados de série, portanto tem preços altos mesmo nas versões "básicas", eles fogem da concorrência dos outros compactos e entregam algo muito importante : status, coisa que um Palio, mesmo equipadinho e completinho, não entrega tanto.
Mas na briga pelo status da classe média alta, o C3 ganhou e o Polo ficou sem mercado.

Dilema

Vai de 1.0 ou de 1.6 ?

Há alguns anos atrás, a resposta a essa pergunta era clara : se não tem dinheiro ou quer economia ou os dois, vai de 1.0. Mas se sobrou grana no bolso, vai de 1.6.
Isso quando a Fiat lançou o Mille, em 1991.
Depois veio uma fase de 1.0 vitaminados, tomando o lugar dos 1.6. Era a época de 1.0 16V, 1.0 Supercharger, 1.0 Turbo.....eu mesmo tive um corsa 1.0 16V que andava muito bem, obrigado.

E como os motores correspondiam, existia até perua 1.0....um contra senso.

Mudou o imposto, e o 1.0 deixou de ser obrigação para ser opção. Os motores 1.6 continuam no mercado, mas agora entra a cilindrada 1.4, que com motor flex paga quase o mesmo imposto que um 1.0
Muitos acharam que seria o fim dos 1.0, substituídos pelos 1.4 ou 1.3

Mas parece que a coisa não é bem assim....


Veja o Novo Palio: ele tinha 2 cilindradas 1.3 e 1.8. Veio a Idea e a Fiat para unificar a linha de motores fez um "up grade", o 1.3 saiu e entrou o 1.4, o 1,8 fica como top de linha e abre-se espaço para um Novo Palio 1.0. ( não esqueça que o palio de frente antiga continua como versão 1.0 mais barata)
Portanto NOVO PALIO com motores 1.0. 1.4 e 1.8.
Hoje, a versão 1.4 vende mais, porque o motor 1.0 do Palio é muito fraco ( 65cv, menos que um Celta, de 70cv) para o pesado Palio. Li na internet que a Fiat desenvolve um motor 1.0 novo para o Palio. Mas veja: o 1.4 entrega 80cv de potência, boa relação para o carro, que repito, é pesado. Já com 1.0 de 65cv a coisa fica difícil: fica então a pergunta, se a Fiat desenvolver um "up grade" no motor 1.0 do Palio, elevando-o a uns 75 cv, quem vai comprar o 1.4 , pouca coisa mais potente, só que mais caro?

Algo semelhante ocorre na linha GM: o Celta tem motor 1.0 de 70cv, aliás potente para o porte do carro, que é leve. Já o NOVO CORSA, com peso bem maior, ficava muito lento nesse motor. A GM envenenou seu 1.0 fazendo-o chegar aos 79cv. Potência próxima de um 1.4. Conclusão: na linha Corsa, temos 1.0 de 79 cv e 1.8. Não há um 1.4, porque não haveria espaço de preço e mercado para ele.

Na linha Renault, temos um 1.0 16v com 77cv. A Outra cilindrada é 1.6, sem intermediários.

Só a linha Peugeot tirou o 1.0, substituindo-o definitivamente pelo 1.4. Mas isso acontece por lá porque a Peugeot não tinha motor 1.0 próprio, ela comprava da Renault.

Em resumo, os motores 1.4 podem até crescer no mercado brasileiro como opção econômica aos 1.6, mas muito provavelmente, os 1.0 continuarão tendo seu espaço. Nesses 15 anos ( o primeiro Mille foi lançado em 1991) eles conquistaram o consumidor, pois são potentes, econômicos, duráveis, resistentes e bons de estrada, tudo aquilo que se dizia, quando foram lançados, que eles não eram.
Quem tem preconceito contra carros 1.0 é porque nunca andou num desses mais modernos: na prática, são motores 1.4 ou 1.3, comprimidos. Não é raro inclusive casos de 1.0 tendo mais potência que cilindradas maiores, ou igualando-as.
Eu mesmo sou prova disso: fiquei entre escolher um 206 1.4 de 80cv ou um Corsa 1.0 de 79cv. Fiquei com o Corsa, sem arrependimento.

Monday, January 16, 2006

Agitação

A agitação rola solta em alguns mercados no Brasil.
Primeiro, tivemos a completa renovação dos modelos compactos, iniciada em 2002 com o NOVO CORSA. Depois, na sequência tivemos, Fiesta e Palio Novos, Fox, 206 e Clio. Alguns desses modelos já começam a ficar velhos, casos do 206 ( já marcado para morrer na Europa) e do Clio. Mas ainda é um mercado mais ou menos atualizado.
A bola da vez é o mercado de sedans. Por 2 décadas foi cativo da GM, com o Monza, depois o Vectra. Antes, nos anos 70, a briga era entra o Corcel da Ford e o Passat da VW.
Com a chegada dos japoneses Civic e Corolla, parecia que a coisa era dada como certa: a GM estava fora do páreo. Mas ela deu a volta por cima lançando o Vectra, nada mais que o Astra europeu com traseira. Mas a coisa vai esquentar ainda mais com a chegada do Megane sedan da Renault, nada mais nada menos que o carro mais vendido na Europa ( pelo menos em sua versão hatch). Agora virá o NOVO CIVIC. E ainda tem mais, do México, com imposto zero, a Ford vai trazer o Fusion e a VW, o Jetta, ambos um bocadinho caros ( algo como 80 mil) mas ainda dentro do segmento, que começa em 50 mil reais e vai até 80 mil, preço do Vectra Elite top de linha.
Se somarmos a quase certa vinda do Peugeot 307 sedan argentino e do Citroen C4, também de lá, teremos uma competição altamente agressiva entre: Corolla, Novo Civic, Novo Vectra, Novo Megane, Ford Fusion, VW Jetta, 307 sedan e C4 sedan.
Mais embaixo, com teto de preço em 55 mil reais, teremos Ford Focus e GM Astra sedan, o bom e velhíssimo VW Santana e um Fiat Marea como coadjuvante.
Resta saber o que será feito do nosso mercado de hatch médios. Astra, Focus, Stilo e Golf, todos, estão desatualizados, deixando espaço livre para o ainda moderno 307 argentino. Provavelmente, será nesse mercado que a guerra vai recomeçar em meados de 2008.