Friday, February 27, 2009

A idéia certa para o carro errado



A linha Bluemotion da VW europeia contempla por lá modelos consagrados, como o Golf e o Polo, mas com forte apelo energético e ecológico: combinando mudanças na eletrônica dos motores, na formulação dos pneus, na estrutura da suspensão, mais baixa, e na aerodinâmica, os modelos da linha Bluemotion conseguem altos índices de economia, principalmente nos motores a diesel, cada vez mais usados na Europa.
Por aqui, a VW estreiou a linha Bluemotion no Polo, lançando-o numa série especial bastante requintada. Ele tem todas as alterações da versão européia, tanto na aerodinâmica quando nos novos pneus, mas como não pode usar motor diesel, usa um motor flex 1.6 que chega, de acordo com dados da fábrica, aos 15km/l no álcool na estrada, marca extraordinária.
Tudo seria perfeito se não fosse um detalhe: o Polo Bluemotion custa 46 mil reais.
Quem compra um carro compacto por quase 50 mil reais está interessado em economia de combustível ? Claro que não... mas pelo jeito, a VW esqueceu desse detalhe...

Na Europa, Golf e Polo são modelos populares, compactos de venda em larga escala, mas por aqui, o Polo é carro requintado, faz parte do mercado de hatchs premium, modelos compactos ultra equipados para nossos padrões e caros demais para nossos bolsos. A VW, simplesmente trouxe a fórmula europeía para cá, esquecendo que o Polo por aqui faz parte de outro mercado. Seria uma idéia muito mais lógica usar a fórmula Bluemotion para fazer um Gol ultra-econômico. Nesse caso, a Fiat fez o lógico: Palio e Mille ganharam mudanças e uma nova sigla, economy, enquanto a GM agiu rápido e mudou os motores da linha Celta/Classic. A resposta da VW foi genial: fazer um carro de 46 mil reais ser econômico....
Os alemães sempre me surpreendem....

Tuesday, February 17, 2009

Os 4 da Renault.




O Renault Symbol é um carro que não faz jus a sua imagem em foto: ao vivo, ele é bem mais bonito. Mas o interessante desse lançamento é sua estrutura, trata-se de um Clio Sedan remodelado, com suspensão, motores, câmbio e até pedaços do painel, incluindo as portas, idênticos aos do Clio sedan, carro que ele substitui. E o que isso tem de interessante ? É que o Symbol é um produto acima, em termos de preço e sofisticação, do Logan, o outro sedan da Renault, mas do ponto de vista do espaço e da plataforma, o Logan é mais moderno que o Symbol.
Ocorre algo estranho na linha da Renault que tem 4 carros: Clio campus, Logan, Sandero e Symbol, nesta ordem de preço e mercado. Dois carros baratos, um hatch e outro sedan, Clio campus e Logan e mais dois mais sofisticados, Sandero e Symbol. O interessante é que as plataformas se mesclam: Clio campus é o básico, de entrada, seu irmão de engenharia é o Symbol, mas seu irmão de preço é o Logan, enquanto que Sandero é o hatch premium da Renault, bem mais caro que o Clio campus, mas irmão de engenharia do Logan, que por sua vez é mais barato que o Symbol, irmão de mercado do Sandero, mas gêmeo de engenharia do Clio campus...

A salada de mercado fica mais óbvia quando se vê a engenharia: Clio e Symbol são fabricados na Argentina, onde dividem vários componentes mecânicos, já Logan e Sandero, no Brasil, onde o mesmo acontece. Com o lançamento do Symbol, a Renault corrige importante falha em sua linha de produtos, dispondo de um sedan bonito e com mais requinte para enfrentar Voyage, Siena, 207 sedan, Fiesta, outros sedans de mesmo preço, deixando o feioso mas grandão Logan para sua vocação inicial: ser carro barato, enfrentando Corsa Classic, Siena fire e versões simples do Voyage. Ao mesmo tempo, não há à vista chance do Clio campus sair de linha: primeiro porque a Renault não teria um hatch compacto barato para enfrentar Mille, Celta e outros, e segundo, porque ele agora compartilha linha de montagem com o Symbol.
De todas as novas marcas, ainda acho que a Renault é a que tem mais chance de crescer, pois tem produtos mais baratos, ao contrário da Peugeot e bem distante de Honda e Toyota. Se ela mantiver política de preços agressiva na dupla Logan-Clio campus, ela vai incomodar muita gente.

Monday, February 09, 2009

Vectra de cara nova e motor velho.




Os departamento de marketing têm uma criatividade impressionante: o Vectra passou por um face-lift, ou ainda menos que isso, e lá vem o pessoal do marketing criando nomes: Vectra NE, next edition. O NE é apenas uma grade frontal diferente: igual a do Captiva e já usada na Meriva, padrão mundial da marca Chevrolet, hoje em dia a marca que está salvando do buraco a empresa GM.
Confesso que gosto do Vectra, é um belo sedan. Mas gosto ainda mais do hatch, um dos mais interessantes carros em nosso mercado. O ponto fraco da linha Vectra é seu ponto forte: seu motor. Por ponto fraco, entenda-se um motor ultrapassado, beberrão, de desempenho medíocre e consumo elevado, frente aos moderníssimos japoneses. Mas ao mesmo tempo, é seu ponto forte: afinal, a esmagadora maioria dos consumidores do Vectra compram o modelo justamente por causa do motor... contraditório ? Não, pois afinal o velho motor do Vectra é derivado do antigo motor do Monza, com modernizações claro, mas ainda entrega resistência mecânica, confiabilidade e baixo custo de manutenção, itens que tornam o Vectra modelo cobiçado no mercado de usados e portanto, agregam valor ao comprador do produto zero-km. Pode ser que algum dia os japoneses também tenham a mesma confiança mecânica que o motor GM (lembremos que nos anos 80 a Fiat era considerado porcaria mecânica, conceito hoje superado), mas até lá o motorzão GM e seu Vectra continuarão fortes no mercado nacional, mostrando que nem sempre a novidade mais avançada ganha mercado logo de cara. O Vectra de cara nova e motor velho prova isso.

anuncio que este blog, devido a grande carga de trabalho que tenho, irá passar por uma desaceleração: ele continurá a ter algumas novidades e comentários, mas em ritmo de 1.0 com ar condicionado ligado (eu tenho um desses e sei bem do que se trata...). Aos colegas que perdem seu tempo me seguindo, peço desculpas.

Monday, February 02, 2009

Em tempos de crise... Brasil 2



E para provar que a filial da Peugeot está bem "abrasileirada",tanto que até está exportando projetos desenvolvidos aqui, o novo produto dos franceses será uma picape derivada do 207, como se vê nas fotos, já em testes. ( veja os faróis saltados do 207nacional na frente e a porta, com a maçaneta típica da Peugeot).
E por que abrasileirada ? Porque esse tipo de produto, a picape aberta derivada de compacto, é criação 100% brasileira e só agora exportada mundo afora. Na Europa, só há picapes compactas fechadas, ao estilo da Fiat Fiorino. As picapes abertas derivadas de compacto são a versão brasileiras das picapes abertas americanas, mas por lá, claro, enormes, carros feitos mais para serem de passeio e esportivos que carros de carga propriamente ditos. Esse tipo de carro, que pelo seu charme e esportividade, além de preços mais acessíveis, está sendo exportado para toda América Latina e por aqui, nenhuma marca que queira ser grande em nosso mercado pode esquecer desse tipo de produto. Pois chegou a vez da Peugeot se meter nesse mercado, com uma bela frente, a do 207, e provavelmente, uma lateral também bonita. Resta saber se também esse jeitinho brasileiro vai desfilar em Paris.