Thursday, April 30, 2009

Acabou...

Mais outro post histórico ( tá ficando clichê...): hoje, quinta, dia 30 de abril de 2009, a Chrysler deixa de existir...

Bem, é quase isso... ou melhor, bem diferente disso....

A empresa não entrou em falência, mas em recuperação judicial, no Brasil o termo correto é esse. O que significa que ela terá novos prazos para honrar suas dívidas, que foram declaradas como impagáveis. Seu proprietário, o fundo de investimentos Cerberus, não controla mais a empresa, e suas ações foram redistribuídas entre 3 novos donos: 1-o sindicato de seus trabalhadores, com o qual a Chrysler tem pesadas dívidas em aposentadorias e planos de saúde e que agora poderá pagá-las a longo prazo, à medida em que a empresa volte a vender produtos mais competitivos. O sindicato aceitou cortes nos salários para manter os empregos. 2-os governos dos EUA e Canadá, interessados em manter empregos em fábricas e que estão emprestando alguns bilhões de dólares para manter a empresa funcionando. Alguns credores trocaram suas dívidas de longo prazo da Chrysler, 6,9 bilhões, por 2 bilhões imediatos em dinheiro, pagos por esses governos. 3- a Fiat, que é dona da empresa em 10% podendo aumentar em mais 15% quando a Chrysler tiver tecnologia Fiat na fabricação de motores menores e carros compactos. Portanto, a Fiat não boat dinheiro vivo na empresa, mas troca participação acionária por tecnologia.

Nesse novo arranjo, quando a Chrysler voltar a vender bons carros, menores, menos poluentes e com menor consumo, e voltar a ter lucro, algumas de suas dívidas voltarão a ser pagas e aos poucos a sua participação societária mudará, primeiro com a recompra por parte de quem quiser ( com quase toda certeza, a Fiat) das ações em nome do sindicato, depois das ações dos governos americano e canadense. Isso significa que a Fiat vai entrar com dinheiro por lá, mas não agora. Em um prazo médi, talvez um ou mais anos, a Fiat provavelmente será a dona da Chrysler.

Isso traz importantes mudanças:

1-é o fim definitivo do "carro americano". mais do que as outras, Ford e GM, a Chrysler era o símbolo do carrão americano, 6 ou mais cilindros, beberrão, poluente, feio, enorme. Isso acabou. É ultra marcante que uma empresa que sempre se pautou por produzir mini carros na Europa, como Topolino, 500, Uno , Punto e Palio, agora seja dona da marca que se especializou em monstros como a picape RAM. A partir de agora, a Chrysler vai andar de motores, design e novos projetos Fiat: a esperar como o consumidor americano vai se acostumar com isso.

2-A Fiat entra nos EUA: das marcas grandes européias, a Fiat era a única a não ter presença nos EUA. Agora, em 24 horas, é dona de uma das 3 marcas americanas. De 0 a tudo em 24 horas. Todo americano conhece a Chrysler, marca com quase 100 anos por lá e dona de um dos mais charmosos arranha-ceus de Manhattan. Nenhum americano conhece a Fiat. Agora vai conhecer.

3-As preocupações mundiais da Fiat mudam de eixo: antes, a Fiat via o Brasil como seu maior mercado fora da Europa e a China como sua terceira base de vendas. Agora, tudo mudou. Ela é dona de uma marca mais forte que ela, já que Chrysler tem presença de fato mundial, coisa que não acontece hoje com a Fiat. Gerenciar marcas é tarefa complexa, ainda mais quando se relaciona com coisa tão sentimental como carros. O Brasil, não tenha dúvida, vai ficar em segundo plano agora na estratégia mundial da Fiat. Afinal, mesmo em crise, vende-se nos EUA em dois meses o que se leva 8 para vender no Brasil. Se uma nova Chrysler tiver produtos melhores, não pense duas vezes, a Fiat vai focar atenção por lá. Acho que investimentos, projetos e outros benefícios que a matriz italiana trazia para cá podem ficar em segundo plano.

4-que carro a Chrysler vai fabricar agora? Boa pergunta...suas fábricas estão paradas. A Fiat vai "dar" seus projetos a Chrysler em troca dessa sua participação societária. É certo que o pequeno e estiloso 500 vai ser fabricado nos EUA. Mas é pouco para sustentar uma empresa enorme como a Chrysler. A Fiat poderá adotar alguns motores modernos, como o 1.4 turbo T-Jet que equipa o Punto top por aqui, em alguns modelos Chrysler. Mas é provável que a Fiat leve para os EUA alguns de seus produtos, como a linha Alfa Romeo, o Bravo ( médio que vai substituir o Stilo por aqui) e o sedan Linea. Talvez até o Punto. Mas carros muito compacto como o Palio não podem ir pro EUA... ou podem.... ? Vai ser vendidos como Fiat, marca desconhecida por lá, ou como Chrysler ?

Bom, a resposta do post de baixo está dada: Sim, ela está com a bola toda.

Thursday, April 23, 2009

Será que ela está com essa bola toda ?




A fim está próximo para as duas americanas : se até 30 de abril a Chrysler não conseguir fechar sua venda para a Fiat, o governo dos EUA já bateu o martelo, vai deixar falir a empresa. A Fiat quer comprar a americana sem desembolsar dinheiro vivo, mas trocando ações por tecnologia em carros compactos ( quem diria, Punto e Palio um dia, iriam "comprar" a Chrysler...), mas a Fiat não quer arcar com as pesadas dívidas da Chrysler, incluindo planos de saúde com dívidas bilionárias. Ao mesmo tempo, a Fiat só se interessaria em comprar a americana se pudesse fechar praticamente toda a sua produção nos EUA, já que iria recomeçar a empresa do zero. Credores e trabalhadores da Chrysler acham que as condições da Fiat são draconianas demais, e querem que os italianos não fechem fábricas e injetem dinheiro na empresa. A Fiat não é tola: sabe que um dia a Chrysler foi da Mercedes e que os alemães venderam a empresa por um décimo do que compraram, amargando imensos prejuízos. Na verdade, a Fiat só se interessa pela americana se : 1-não botar dinheiro vivo nela, 2-não ficar com dívidas enormes, 3-fechar tudo que puder fechar. A Fiat está de olho na marca, ainda muito amada pelos americanos, e na rede de distribuição, mas não nas estruturas produtivas, arcaicas e com modelos obsoletos.
Enquanto isso, a GM também vai chegando no fim da linha: se ela mesma não encontrar solução para suas dívidas, os credores da empresa poderão acionar suas dívidas na justica e o governo americano vai parar de emprestar dinheiro para ela, ou seja, também vai falir. Surge de novo a Fiat, como potencial candidata a comprar, ou seja, desta vez botar dinheiro vivo, na duas subsidiárias mais lucrativas da GM, a Opel alemã e a Chevrolet latino-americana. Se a Fiat comprar essas duas unidades, a GM poderia conseguir bom dinheiro, fechar fábricas nos EUA, diminuir drasticamente de tamanho, mas continuar operando como empresa independente, livre da falência e com menos dívidas. De novo, a Fiat surge como salvadora nos EUA... mas a Fiat nega que esteja querendo comprar a Opel, e os trabalhadores alemães já disseram que não querem ser comprados por ela, com certeza temendo massas de demissões.
Há outros interessados na Opel alemã, incluindo alguns financeiros, pois trata-se de empresa saudável, com produtos altamente competitivos e avançada tecnologia, ao contrário do Jurassic Park que é a GM americana. O problema é que hoje em dia ninguém tem dinheiro em caixa para sair por aí comprando empresas desse porte.
Nem a Fiat, que está amargando pesados prejuízos na Europa.
Enfim, a situação é de pré-colapso. Para a Fiat, comprar a parte européia e latino americana da GM, o que incluiria o Brasil, é bom negócio. Duas marcas e estruturas produtivas enxutas, bem colocadas nos seus mercados, embora com imensa sobreposição de produtos ( só no Brasil, imagine Celta e Mille, Corsa e Palio, Montana e Strada, brigando no mercado, mas sendo da mesma empresa.) O problema é : será que a Fiat está com essa bola toda? Interessante notar o silêncio de outros possíveis interessados, como a Toyota, que conseguiria da noite pro dia ganhar anos de mercado em duas regiões onde ela é fraca, Europa e América Latina. Ou mesmo de outros possíveis novos players, como a Tata, a mais nova refundadora do automóvel com o Nano.
GM e Chrysler podem simplesmente falir e a Fiat pode comprar uma ou outra ou nenhuma. Mas a verdade é uma só: enquanto as marcas tradicionais sofrem prejuízos e se vêem à beira da ruína, um carrinho com rodas de 12 polegadas já atingiu mais de 500 mil pedidos na Índia, menos de um mês depois do lançamento. O Nano e seu motor de 33 cv é hoje o carro mais rápido e invejado do mundo...

Thursday, April 16, 2009

Outro post histórico...





A grande novidade do hatch médio Tiida é a adoção de motor flex, com detalhe aliás interessante, já que o "tanquinho" de gasolina tem acesso pela tampa plástica do limpador de pára-brisa, não precisando abrir o capô. Novidade ? Mas hoje em dia todo carro nacional é flex, qual a novidade ? Pois é: o Tiida é feito no México.
Se o post abaixo é histórico, pois mostra Fiesta, um compacto, nos EUA, esse post aqui também é, pois mostra que a tecnologia flex brasileira vai ficando internacional. O Tiida mexicano entra no Brasil com imposto zero, preço altamente interessante pelo porte e equipamentos do carro (51 mil reais na versão básica, piada pronta para um carro que bebe álcool...) mas é mais ainda uma prova de que o flex veio para ficar, inclusive no mundo. Não faz sentido a Nissan, que pertence a Renault, adotar uma tecnologia flex só para o Brasil num carro feito no México: o Tiida pode até vender bem sendo flex e com esse preço, mas seu volume não compensaria o investimento tecnológico. A Nissan adotou o Tiida flex porque em breve irá levá-lo para outros mercados, incluindo até mesmo os EUA.
É o álcool e seu irmão siamês, o carro flex, conquistando o mundo.