Wednesday, June 24, 2009

Strada cabine dupla: TR4 pra pobre.




não há dúvida de que a Fiat é a mais criativa empresa automobilística nacional. A mais ágil também em oferecer diferenciais de mercado aos consumidores de seus produtos. E o lançamento da Strada Adventure Cabine Dupla é o mais novo reforço desta imagem de inovação.
A linha Adventure é, na minha opinião, a linha de veículos mais interessante do mercado. Eles têm apelo visual, com seus adereços quase exagerados mas coerentes com a proposta off-road light. Ao mesmo tempo, embora não sejam 4X4, têm agora um bloqueio de diferencial que é mais que um mero enfeite: é um artifício mecânico realmente útil num off-road menos intenso. E tudo isso com preços que são altas comparados com os outros carros normais da marca, mas bem mais baratos quando comparados com os off-road "verdadeiros", como os jipes 4X4 de Mitsubishi que começam lá pelos 70 mil reais e avão ao quase infinito. Uma Strada Adventure locker custa 45 mil, o que é bem caro para um carro derivado de um simples Palio. Mas para quem não pode pagar 70 mil num Pajero TR4, 45 mil por uma Strada vai bem. Agora com essa versão cabine dupla, a Fiar reforça ainda mais o apelo off-road para quem não pode pagar 70 mil por um 4X4: é um carro razoavelmente bem preparado como um atoleiro, mas sem ousadias, bem melhor que um CrossFox, que é bonito mas inútil numa estrada de terra bem pesada e ainda por cima, a Strada cabine dupla leva 4 pessoas, coisa que só ela, como picape, consegue fazer. Pena que ainda é cara demais: uns 50 mil reais. Mas sem concorrência direta, ainda é 20 mil reais mais barata que um TR4.

Monday, June 22, 2009

É o começo



Agora é oficial: o novo carro da GM, que tudo indicava seria chamado Viva, chamar-se-á Agile ( com pronúncia Á gile). A GM enganou a todos divulgando o nome da família, Viva, como se fosse o nome do carro, embora não seja impossível pensar neste nome em alguma versão do mesmo carro mais pra frente.
Ele vem para dar um "restart" na linha GM do Brasil, já bastante desafasada em termos de compactos. Basta dizer que os últimos lançamentos na área de compactos foram o Corsa "novo", isso em 2002 e o Celta, lá pelos idos de 2001. Ou seja, num mercado altamento competitivo, a GM não lança nada novo há 8 anos... E nem faz remodelações intensas, já que o Corsa hatch é o mesmo desde o seu lançamento e o Celta teve uma tímida remodelação há 3 anos, já demandando outra aliás.
É um lançamento importante. Com o Agile, a GM pretende atacar um alvo: Fox. Isso quer dizer, um compacto espaçoso, de teto alto, com estilo de minivan. O Fox fez um sucesso tão forte que, embora nunca tenha conseguido substituir o Gol, nem por isso foi substituído por ele: mesmo com o novo Gol, o Fox vende igual ou até mais, demonstrando que temum público fiel. A Renault tem no Sandero um potencial competidor do Fox, na mesma linha compacto-alto-espaçoso. Mas é com o Agile que o VW vai de fato se ver nas vendas. Fica a dúvida se o Agile vai ou não matar o Corsa. Tinha a impressão que não, já que o Agile terá só motor 1.4 enquanto o Corsa ficaria na casa do 1.0. Mas a GM fez ao contrário: tirou o 1.0 do Corsa, a agora Corsa só com 1.4, o que faz o carro ficar na linha de frente do Agile. Mas não por enquanto: tenha certeza, mesmo compacto, o Agile vai chegar na faixa dos 40 mil reais pra cima, deixando-o mais como concorrente do velho Astra do que do Corsa, que provavelmente vai sobreviver ainda uns bons anos até que um futuro Celta remodelado possa tirar de vez seu espaço no mercado. Ou não, já que a GM nunca foi muito adepta de tirar carros de linha e o nome Corsa é uma marca forte no mercado, igualmente com um público fiel.
É o lançamento mais importante do ano: um novo compacto. Mas a vida do Agile já começa difícil: seu maior inspirador, o Fox, vai ter uma pequena mas suficiente remodelação ainda este ano. Sem contar que a Renault não ficar parada vendo o Sandero ver crescer a concorrência. Lembremos que em dois anos, a Ford vai trazer o novo Fiesta e em 2 ou 3 a Fiat traz o susbtituto do Palio. Ah! como é bom a concorrência....

Monday, June 01, 2009

É o fim.




Acabou ! Hoje, dia 1 de junho de 2009 a GM entrou em concordata. Não que dizer falência, que seria a liquidiação oficial da empresa, mas uma refundação. Os credores terão novos prazos de pagamento enquanto ocorre uma reorganização da estrutra acionária da empresa, hoje quase estatal, com participação majoritária do governo dos EUA, Canadá, mais fundos de pensão e saúde dos funcionários e outros credores. O governo dos EUA vão injetar ainda mais dinheiro, algo como 30 bilhões de dólares, e não será mais empréstimo como era antes, mas injeção em troca de capital: ou seja, o governo compra a GM, com o objetivo de vendê-la depois.
É um réquiem para uma empresa que acumulou erros imensos, boa parte deles compartilhados com a sociedade americana: ausência de um plano de saúde estatal, cabendo a empresa o peso da saúde e da aposentadoria dos funcionários, o consumo de carros beberrões, ultrapassados em design e tecnologia, estruturas produtivas inchadas e obsoletas, enquanto os japoneses faziam a lição de casa.
O curioso é que a GM tinha bons exemplos no mundo, mas não os transportou aos EUA. A Opel alemã é um exemplo de alta tecnologia. A GM Brasil tem no conceito da fábrica do Celta a mais produtiva do mundo. Afora, tarde demais.
E o Brasil ? Nosso destino jurídico e financeiro é da GM americana.Nossa ligação tecnológica é com a Opel alemã. O problema é que essas empresas se separaram. A unidade brasileira não é afetada pois é lucrativa, mas esqueça investimentos da matriz. Agora , a GM Brasil terá que tocar seus projetos com dinheiro daqui, o que aliás já vinha fazendo. O projeto Viva foi todo feito com recursos próprios. Os outros projetos continuarão a ser assim. É até provável que dinheiro daqui vá para a Nova GM de lá, para alavancar lucros por lá e acelerar a recuperação da empresa, o que é perigoso: a linha da GM por aqui está meio defasada e se ela não puder botar grana na renovação de seus produtos, vai perder mercado.
E por fim, outro problema a ainda ser resolvido: a Opel agora é separada da GM americana, então como ficam os projetos do Brasil? Corsa, Astra, nosso Vectra ( na verdade, o Astra europeu) são todos projetos da Opel adaptados ao Brasil. Embora a GM ainda tenha 35% da Opel, não fica claro que ainda haverá a transferência destes projetos ao Brasil. É provável que se acelere um processo que já estava em andamento: a criação local de carros por aqui, como é o caso do Celta e da Meriva, já que os projetos europeus são caros demais para nossos padrões. Ainda fica pendente o uso dos nomes da Opel, que são patentes agora da Magna canadense, a nova dona da marca alemã. A GM Brasil já vinha desenvolvendo carros inteiramente por aqui, tanto na engenharia quanto no design, pois tem um centro próprio de desenvolvimento. O Viva é 100% brasileiro. Daqui pra frente, isso será a regra, já que muito provavelmente, tanto dinheiro dos americanos como engenharia dos alemães ficarão distantes.
Com independência financeira e de design e engenharia, a filial brasileira carrega uma enorme responsabilidade: andar com as próprias pernas, ainda por cima carregando os mercados da América Latina, África e Oriente Médio. É um certo motivo de orgulho nacional saber que a parte boa da empresa ficou por aqui. Vamos ver daqui pra frente se ela aguenta o tranco: mais do nunca, a GM Brasil tem que vender carros por aqui, é sua salvação.