Thursday, January 31, 2008

Pequenos, belos e invocados



Uma das coisas mais irritantes do mercado automotivo brasileiro, fora os preços absurdos pedidos pelos modelos daqui, é a falta de opções e de imaginação das marcas aqui estabelecidas.
Veja a foto acima: aproveito para mostrar duas coisas, primeiro, o NOVO TWINGO da Renault, compacto urbano da marca francesa que já chegou a ser vendido por aqui, com algum sucesso relativo e depois sumiu, segundo, sua versão esportiva.
Pois na Europa não só eles têm sempre lançamentos novos, incluindo de carros baratos, compactos e bonitos, ( as 3 coisas são raras por aqui, temos que nos contentar com Gol, Palio e Celta...e afins) mas eles sempre dotam esses carros compactos de versões especiais, de estilo "fun", coloridas, equipadíssimas ou como no caso acima, de uma versão apimentada do carrinho, imediatamente sedutora.
Fala a verdade: tanto o Twingo normal remodelado é bonito, como sua versão tunada de fábrica ficou maravilhosa. E o melhor: tudo isso, num carro barato, urbano, compacto, mostrando que carro pequeno não precisa ser apenas sinônimo de carro feio e depenado.
Por aqui, temos apenas duas opções: carro caros e feios depenados, ou carros bonitos, equipados e ainda mais caros...Por que não lançar carros urbanos compactos de duas portas bonitos? Equipados ou esportivos? De estilo "fashion", com cores diferenciadas, ou de estilo esportivo? Com câmbio automático ou paineis interativos ? Enfim, porque carro pequeno no Brasil é sempre do mesmo jeito: feio, básico e ainda por cima, caro.
Um ridículo Uno Mille custa 22 mil reais, um Celta, 25 mil. Não à toa as marcas francesas vêem comendo mercado por aqui, quando lançam belas "voitures" como o 206 ou o C3, compactos dotados de charme, equipados e ainda por cima, com preços razoáveis. E a Honda merece aplausos, pois com 45 mil reais, você leva um urbano compacto, o Fit, que vem até com air bag de série.
Não é pedir muito às marcas nacionais: que tal um Celta equipado e bonito de série, com motor 1.6? Ou mesmo porque a Renault não lança esse belo Twingo por aqui ? É verdade que esses carros seriam caros, mas pelo menos os consumidores brasileiros poderiam ter o direito de sonhar, e como são carros compactos, mesmo equipados, poderiam ter preços mais ou menos razoáveis.
É pena que carro pequeno por aqui seja sinônimo de "carro de firma". Há muito mercado para Celtas coloridos, Kas com rodas marcantes e rebaixados de fábrica, ou até mesmo Gols invocados fabricados pela VW. Mas o comodismo de fazer milhares de carros iguais, com as mesmas cores aliás é melhor. Parece até que estamos na era de Henry Ford, que dizia: "você pode comprar um Ford T da cor que quiser, desde que seja preto". No Brasil, muda um pouco....a cor por aqui é prata....

Tuesday, January 29, 2008

Nostalgia

Muitas vezes, o design moderno busca inspiração no passado. Isso vale para a imortal marca da Coca-Cola, com mais de 100 anos, para o clássico vidro do perfume Chanel no.5, com seus 50 anos e também vale para os carros.
Hoje, os designer automobilísticos procuram olhar os carros clássicos do passado e reinventá-los, modernos é claro, mas ainda sim reconhecíveis como "herdeiros" de seus antepassados. Os carros-retrô costumam ser sucesso garantido: é o caso do PT Cruiser e seu visual "gangter anos 30", ou do New Beetle, e mais recentemente do Fiat 500, sucesso nos anos 50 na Itália, relançado na sua versão moderna.
O mais novo candidato a retrô é o Trabant da antiga Alemanha Oriental. Feito de plástico, com motor dois tempos a querosene, era o símbolo do atraso tecnológico do comunismo, mas após a reunificação alemã, virou carro "cult", com versões inclusive adaptadas, com grafites e pinturas berrantes. Pois agora uma empresa alemã quer relançar o Trabi ( seu apelido), modernizado na mecânica, mas ao mesmo tempo, inspirado no horrível e por isso mesmo simpático monstrinho do comunismo. Alguma dúvida de que vai fazer sucesso ?

PS: a empresa chama-se Indikar, e faz carrocerias artesanais, mas não se espante se algum gigante alemão como BMW, Mercedes ou a VW comprarem a idéia e fabricarem o carro em escala industrial.

Monday, January 28, 2008

A mais nova conquista


O que vc vê na foto é a última tecnologia que, a partir de agora, passará a ser parte integrante dos itens de consumo do brasileiro: o câmbio automatizado.
Ar condicionado e direção hidráulica, embora ainda não possam ser considerados itens comuns a todos os carros nacionais, já foram incorporados como itens fundamentais. Tente vender um usado sem eles e veja se consegue... Mesmo caros, ( em conjunto, custam uns 5 mil reais num carro zero), são cada dia mais comuns e em breve poderão tornar-se "obrigatórios" pelo mercado, ou pelo menos, itens básicos na compra de um carro.
Por outro lado, como brasileiro é burro mesmo, air bag e abs, itens que também deveriam ser fundamentais, ainda não foram vistos como tal, portanto, não costumam ser procurados como opcionais: ou vêem de fábrica, ou não existem.
Agora o trio fica completo: ar, direção e câmbio. É mito quem diz que brasileiro gosta de debrear (trocar marcha): brasileiro gosta de trocar marcha porque não tem grana pro câmbio automático... no caso, o automatizado ( a diferença é que o automático tem todo um outro sistema de engrenagens, com trocas automáticas, enquanto o automatizado é um câmbio comum, mas com a embreagem "escondida", um pistão hidráulico "pisa" na embreagem: em ambos, os comando do sistema é eletrônico, com a vantagem de que o automatizado vc também pode trocar as marchas, na mão, quando quiser).
O Stilo é o pioneiro automatizado no Brasil, junto com a Meriva. Há outras opções de automáticos como o 206 e o Fit, além é claro dos sedans mais caros, Civic, Corolla e Vectra. Mas é essa automatizado da Fiat que mais interessa, pois ele é bem mais barato (2.500 reais) que um câmbio automático ( em média, 5.000 reais). Como a Fiat é a marca mais agressiva em preços que há no mercado, e como o automatizado pode ser montado em qualquer carro, de qualquer cilindrado dado que é um câmbio comum (o automático rouba muita potência, portanto inviável em carros menores que 1.6), é esperar pouco tempo para a marca italiana lançar carros baratos com esse opcional. Seguro mesmo na fila é a Idea e o Punto, mas a família Palio vai ganhar o apetrecho em breve, inclusive, até mesmo na versão de entrada Fire. ( que é o único modelo básico do Brasil a vir, como opcional, com abs e air bag). Mais uma vez, a Fiat sai na frente em popularizar tecnologias.
Em breve vc irá dirigir um carro sem embreagem: fique preocupado. Quem tem diz que é ainda pior que carro com ar condicionado ou direção hidráulica: depois que vc tem um, não quer nunca mais comprar um que não tem...

Tuesday, January 22, 2008

Tana Nano 2 - o mercado

Leio na internet que o Tata Nano, o mais barato do mundo, já está com sua distribuição marcada na Europa, iniciando pela Itália. É que a Tata tem acordo com a Fiat para distribuição de carros em conjunto no mundo todo. Aliás, a picape média da Fiat feita na Argentina na verdade terá mecânica Tata, assim como o carro compacto da Tata vendido na Índia é uma versão local do Palio.
Tudo isso para dizer o seguinte: se o Nano vai ser vendido na Itália pela Fiat, eu dou no máximo uns dois anos, talvez nem isso, para as duas, Fiat e Tata, venderem o Nano no Brasil. Faria todo sentido: o carrinho custa bem menos que qualquer outro, portanto nem mesmo o Uno Mille seria afetado pelas suas vendas, a Tata conseguiria atingir rapidamente todo o mercado brasileiro, garantindo peças de reposição na rede Fiat e a Fiat poderia associar-se a um potencial inimigo, garantindo mercado nos carros de baixo preço e preparando-se para a invasão chinesa.
Qual seria o mercado do Nano? Claro que ele não seria o primeiro carro de uma família, mas o substituto da moto. Portanto, acredito que o Nano teria duas opções: ser o segundo ou o terceiro carro da família na grande cidade, para fugir dos engarrafamentos e rodízio, como em SP, mas teria um outro mercado: substituir o jegue e a moto no interior do país, como transporte popular.
Radam Tata, o fundador da empresa, imaginou o Nano quando viu famílias inteira andando de moto na Índia; pai, mão, filhos e compras se equilibrando precariamente em motonetas em meio a carros e vacas nos tráfego infernal das cidades indianas. Imaginou um pequenino carro que pudesse ser barato como uma moto, mas que pelo menos levasse a família e as compras. Pois no Nordeste brasileiro, o bom e velho jegue foi substituído nos micro cidades do interior pela CG 125 da Honda, levando a cenas parecidas como a da Índia. O Nano seria a opção ideal para esse transporte em áreas semi-rurais, desde que bem barato e de manutenção ultra-simples.
Com o acordo Tata-Fiat, prepare-se: vc verá, e provavelmente terá, um Nano no Brasil antes do que se pensa.

Thursday, January 10, 2008

O mais barato do mundo









Este é o TATA NANO, o carro mais barato do mundo: 100 mil rúpias, ou 2.500 dólares, ou pouco coisa menos que 4.500 reais. Ele será fabricado na Índia, pela empresa TATA, uma gigante indiano que fabrica desde aço e cimento até tecidos e carros. Como se vê, o Nano na prática é pouco coisa mais que uma moto com 4 portas. Tem motor traseiro de 35 cv ( o menos potente motor brasileiro tem 65cv), não tem opção de ar condicionado, direção ou air bags e seus componentes são simplificados ao extremo. Sequer ajuste do banco ele tem. Antes que todo mundo diga que é um produto ruim, volto ao argumento original: ele custa 4.500 reais, mais barato que uma CG 150 hoje no Brasil. Aliás, o objetivo da TATA é exatamente esse: no caótico trânsito das megalópoles indianas, substituir para as famílias que se equilibram com 4 ou 5 pessoas em motocas jurássicas por um quase-carro, ultra-barato e que leve pelo menos 5 pessoas e alguma bagagem ( aliás, o motor é traseiro, como já fez um dia nos anos 30 o imortal Fusca e o bagageiro fica na frente).
Ele por enquanto não virá para o Brasil, mas já causa frissom no mundo automotivo: várias marcas também querem fabricar na Ìndia produtos semelhantes. Por enquanto, o carro mais barato do mundo fica na China , é o Chery QQ, que aliás poderá começar a ser vendido no Brasil ainda em 2008.
E o Brasil, como fica? Nossa indústria é uma porcaria: compramos carros ultrapassados, pelados e caros. Portanto, melhor seria comprar carros pelados, modernos e realmente baratos. Tomaram que venham logos os chineses e indianos, aí teríamos de fato concorrência no mercado nacional.