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Acho que nunca falei tanto do Polo como nesses dias, mas a culpa é da VW, que não pára de dar novidades sobre o produto.
Agora, é a vez do novo sistema de partida que a VW em conjunto com a Bosch desenvolveu, e que vai ser usado pela primeira vez no Polo: a VW batizou-o comercialmente de E-Flex. Mas se quiser um apelido " tchau tanquinho".
Todo mundo que tem carro flex sabe: há um tanquinho no cofre do motor que fica abastecido com gasolina. Em dias frios, a injeção eletrônica identifica se o carro tem alcool ou gasolina e em caso de ser álcool, ou maioria de, ela aciona o tanquinho, que injeta a gasolina, dá a partida e depois passa ao álcool.
A solução é antiga: desde os primeiros carros a álcool que ela existe, mas antigamente era aciona pelo pé do motorista. Com a atual eletrônica, é tudo automático ou quase: vc tem de lembrar de colocar gasolina no maldito tanquinho. Mas os seus problemas só começam.
Primeiro, o tanquinho é pequeno, e tem que ser, afinal ele fica com gasolina bem em cima do motor, área de alta temperatura. No inverno, ele pode acabar logo. E no verão, ele fica inativo, o que é outro problema, já que gasolina "fica velha", perdendo sua capacidade de queima e portanto, diminuindo drasticamente sua eficiência. Para piorar, a maioria dos carros flex, por pura porquice da indústria nacional, não tem sequer uma maldita luzinha no painel indicando que o tanquinho está prestes a ficar vazio. Se você esquece de colocar gasolina lá e seu carro só anda de álcool, numa manhã fria vc pode ficar parado na garagem.
Isso quando o sistema não dá pau mesmo: no meu Corsa, pelo que acredito ser um erro de projeto, o sistema funciona mal: no frio intenso, ele injeta gasolina, mas no frio menos forte ele simplesmente não injeta nada: conclusão, em mais de uma vez, abastecido só com álcool, meu carro simplesmente não pegava, porque o sistema não injetava gasolina. ( a GM corrigiu o problema no Corsa 1.4, que tem um sistema diferente de injeção, parecido com o E-flex, mas ainda usa tanquinho)
Por essas e outras, e porque o álcool efetivamente é um combustível pouco eficiente, e no frio faz o motor "pipocar" nas saídas de manhã, muitos preferem, como eu aliás, sempre colocar com álcool alguma gasolina no abastecimento.
Agora acabou: o E-Flex esquenta o combustível logo na partida e mesmo depois, nos primeiros momentos, ele continua esquentando o álcool injetado no motor, não só eliminando o tanquinho, mas também eliminando as "pipocadas" comuns nos carros com álcool nas manhãs frias. Basta pisar na empreagem antes de dar a partida para acionar o sistema. Se não pisar na embreagem, o carro não vai ligar, porque o computador da injeção eletrônica bloqueia a ignição. Há outra vantagem adicional: vc nunca vai conseguir dar trancos no carro, ligando com ele engatado, coisa que, convenhamos, TODO mundo já fez um monte de vezes na vida.
O símbolo no painel do Polo indica o sistema: uma resistência elétrica que vai esquentar o álcool.
Logo que surgiu o flex, já tinha ouvido falar no sistema, mas por dificuldades técnicas, como evitar que o álcool pegue fogo ao ser esquentado fora do motor e por custos, o tanquinho, solução mais simples, mas mais precária, prevaleceu. Agora, a VW dá o pontapé inicial da morte do tanquinho.
Mais uma boa idéia, mas de novo, no carro errado: porque a VW não pôs o sistema logo de uma vez em toda sua linha de carros, ou ainda, porque não no Gol, seu principal produto? Segunda idéia certa da VW em uma semana, as duas no mesmo carro, o errado. E porque no carro errado ? Resposta: o Polo com esse sistema custa 47 mil reais.